Barbizon é um vilarejo conhecido mundialmente graças aos pintores, escritores e músicos famosos que viveram ali.
A pintura, desenvolvida pela Escola de Barbizon, foi uma fonte de inspiração para os pintores que lideraram o movimento que hoje conhecemos como impressionismo.
Os pintores da Escola de Barbizon chegaram no vilarejo entre 1825 e 1875, entre eles estavam: Jean-Baptiste-Camille Corot, Charles-François Daubigny, Jean-François Millet, Théodore Rousseau, Theodore Caruelle d’Aligny, Narcisse Díaz de la Peña, Alexandre-Gabriel Decamps, Jules Dupré, Charles Jacque e Lázaro Bruandet.
Na ordem da direita para a esquerda: Millet, Corot, de la Peña et Rousseau
Um pouco de história
No século XIX, a pintura e a escultura deveriam estar de acordo com a tradição neoclássica, ou seja, de acordo com as regras impostas pela Academia oficial. Os motivos de pintura deveriam refletir a perfeição, sem tentar copiar a realidade, e deveria representar a experiência e a construção intelectual. A natureza foi considerada um gênero menor.
O Salão Oficial de Arte de Paris, em 1824, exibiu obras do pintor Inglês John Constable (1776-1837), representando a natureza de maneira real e não idílica. Sua pintura influenciou uma nova geração de pintores que, a partir daquele momento, procuraram se inspirar nas técnicas desenvolvidas por J. Constable.
La Charrette de foin (The Hay Wain), 1821, huile sur toile. National Gallery, Londres, John Constable (1776 – 1837)
O aparecimento da pintura em tubo em meados do século XIX facilitou o trabalho dos artistas que saíram do seu atelier para pintar ao ar livre. O desenvolvimento da ferrovia permitiu o acesso fácil à área rural parisiense e cada vez mais, artistas deixavam a capital para pintar aos arredores de Barbizon.
O trem chegava até a cidade de Melun, em 1850, e dali se fazia uma correspondência até o povoado de Chailly-en-Bière. Com alguns quilômetros de caminhada se chegava no povoado de Barbizon e na Floresta de Fontainebleau.
Barbizon era pequena, contando com uma população de 150 habitantes em meados do século XIX. A população era composta por madeireiros e camponeses em geral. Não havia nenhuma capela, nem prefeitura e nem cemitério.
Rousseau (1867) e Millet (1875) morreram em Barbizon, e foram enterrados lado a lado no cemitério de Chailly-em-Bière.
Os primeiros pintores foram seguidos por artistas estrangeiros inscritos nos ateliers parisienses, eles eram europeus, americanos e russos.
O senhor Ganne que possuía um café em 1824, atual número 92 da rua principal, viu a chegada dos pintores como uma oportunidade nova e decidiu transformar seu negócio em uma pousada, com dormitórios e salas para todos esses pintores, o Aubergue Ganne, dessa forma, os pintores já não eram mais obrigados a fazer a viagem de volta para Chailly.
A pousada se tornou o Museu Departamental da Escola de Barbizon. As pinturas nas paredes e nas mobílias mostram a atividade artística dos pintores de Barbizon.
L’Auberge Ganne: hoje, Museu Municipal da Escola de Barbizon
Painéis pintados na porta do Albergue Ganne. Pinturas dos artistas Théodore Rousseau, Narcisse Diaz, Alexis Ladieu e outros.
Em 1863, Claude Monet, Auguste Renoir e Alfred Sisley fizeram o caminho de Barbizon. Para alguns, a floresta não era suficiente, estes procuravam outras formas de paisagens rodeadas de água. Para estes, Moret-sur-Loing, Auvers-sur-Oise, La Vallée du Morin e Crecy la Chapelle, se tornaram os cenários ideais.
Le Pavé de Chailly, floresta de Fontainebleau por volta de 1865, Claude Monet, Musée d’Orsay
A partir de 1903 aumentou o fluxo de artistas e turistas, as fazendas foram substituídas por pousadas, cafés, restaurantes, salas de exposições. O número de habitantes aumentou acentuadamente. O vilarejo se separou de Chailly-em-Bière em 20 novembro do mesmo ano e ganhou seu cemitério, sua capela e sua prefeitura.
Várias galerias de arte estão presentes na Grande rue de Barbizon.
O terminal da linha de trem que ligava Melun e o vilarejo, aberta em 1899, foi abandonado em 1938. A partir daquele momento, automóveis de passageiros e ônibus tornaram-se bastante numerosos.
O Museu de Jean-François Millet, nº 29 da Grande rua, foi inaugurado em 1922. Concentra um atelier, a sala de jantar e uma grande sala comum usada por artistas contemporâneos locais como local de exposição permanente.
Casa atelier de Jean-François Millet
Millet é um mito no Japão, uma vez que corresponde à sensibilidade japonesa dos valores tradicionais. Como Monet, o artista colecionava gravuras japonesas.
Albergue La Flambée, No 26, foi por muito tempo a casa de Antoine Louis Barye, escultor e pintor de animais.
O número 28 é a antiga casa de Narcisse Díaz de la Peña.
O hotel Bas Breau, No. 22 da Grande Rue, antigo albergue Siron, também exibe obras de artistas desde o ano de 1867. Sr. Siron rebatizou seu albergue como “Hotel de exposições”. Napoleão III e a imperatriz pararam ali em 1868 e compraram várias pinturas de Grigorescu (pintor romeno), Chaigneau e Gassies.
Em 03 de outubro de 1971 o imperador japonês Hiro Hito (1901-1989) comeu escargots (caracóis) no restaurante do Bas Breau. Personalidades diversas ficaram ali, entre outros: Grace de Mônaco, Françoise Sagan, Julien Green, Jean-Louis Trintignant, Laure Manaudou, Jean Rochefort, Michel Polnareff, Michel Blanc, Sanjaagiin Bayar (primeiro-ministro da Mongólia), Mick Jagger, Charles Aznavour, Albert e Paola da Bélgica, Gad Elmaleh, Kad Merad, Niels Arestrup.
Para terminar, a Prefeitura do vilarejo e a atual capela, situada em uma antiga granja da residência de Théodore Rousseau.
Fonte: CAILLE, Marie-Thérèse. L’Auberge Ganne: Musée Municipal de l’Ecole de Barbizon. Paris, Gaud, 1994.
Texto e fotografias: Andréa Rodrigues dos Santos
Visita de Barbizon: 2017
Miriam Sutton
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