Dinan, a cidade medieval

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É o Bairro do Porto, nas margens do rio Rance, que constitui o sítio inicial de Dinan. Esse local se encontra entre o ponto de junção do rio com o mar. Nesta parte do vale, desde os primeiros séculos da nossa era, existia um ponto de passagem dos antigos povos que no século IX fundaram o Priorado ou Monastério de Léhon. Um século depois, chegaram os Vikings, os povos do Norte, destruindo tudo o que encontravam pela frente, inclusive o pequeno priorado.

É tempo de reconstrução.

Por volta do ano mil um Priorado (Monastério) Beneditino será construído no mesmo local daquele que tinha sido destruído e no alto da colina era construída a primeira fortaleza dos senhores de Dinan.

Somente a fotografia aérea permite apreciar o formidável aparelho de defesa que os duques da Bretanha construíram para proteger a entrada principal de Dinan. A espessa torre de Coetquen, à direta e o Donjon ou Palácio ducal à esquerda, protegem a Porta do Guichet (a entrada) dos dois lados (Fonte: Malherbe, 2016).

A segurança e a atividade econômica que se estabelecem no pequeno priorado atraem artesãos e comerciantes. Os atores da cidade medieval de Dinan entram em cena: senhores, guerreiros, o clero e os mercadores. Assim começa a história de Dinan.

Dessa época até meados do século XIX a pequena ponte sobre o rio Rance canaliza todo o tráfico entre a França e o norte da Bretanha.

Nessa foto avistamos o porto e a antiga ponte que atravessa o Vale do Rio Rance

 

Para conhecer os tesouros guardados em Dinan, vamos seguir os passos daqueles que subiram suas ruelas e fizeram suas entradas triunfais na cidade como Charles de Blois, Catarina de Médicis, Anne de Bretagne, Chateaubriand, o Rei Carlos X e muitas outras personalidades.

Mas antes de subirmos as ruelas vamos ver a localização geografica da cidade de Dinan.

Localização de Dinan na Bretanha.                                              Mapa da cidade de Dinan

 

O pequeno forte e o Jerzual

Esta rua em paralelepípedos que sobe, do porto até o coração da cidade, foi animada durante oito séculos pelo imenso vai e vem de um povo em perpétua atividade. Nesta rua estreita e íngreme se cruzaram burgueses, artesãos, peregrinos, ricos comerciantes a cavalo, monges e Cavaleiros que partiam para as Cruzadas no Oriente.

A Rua du Petit-Fort que começa na continuação da ponte sobre o Rance é bordeada pelas casas em estilo enxaimel ricamente decoradas de esculturas. Pertenciam aos ricos burgueses dos séculos XV e XVI que contribuíram para o desenvolvimento do comércio: vidreiros, cesteiros, escultores, carpinteiros, douradores, tecelões, entre outros. A maior parte dessas residências possuem um sótão onde eles secavam o couro.

Casas em estilo eixaimel na Rua du Petit-Fort

A pitoresca e íngreme Rua du Petit-Fort

Na rua du Petit-Fort encontramos a Maison du Gouverneur, ou Casa do Governador. Construída no final do século XV para uma família de comerciantes de tecidos e de telas, a casa está localizada no coração do bairro medieval de Dinan. Consistindo de dois edifícios perpendiculares e quatro diferentes níveis. Em cada andar, há uma lareira monumental, pia, cômoda e armários antigos.

Ansiosa para promover as atividades artísticas e culturais, a cidade de Dinan oferece aos artistas profissionais a oportunidade de expor suas obras, todos os verões entre julho e agosto na Maison du Gouverneur, um espaço singular e marcante. Reunindo muitos artistas e artesãos, o Jerzual é hoje a felicidade dos amantes da arte.

Vista da Maison du Gouverneur

Depois de passar pela casa do governador, aparece no alto do bairro do Petit-Fort, a Porta do Jerzual construída pelos sábios mestres de obras do século XIV. É um convite para entrarmos e para penetrarmos nesse Jerzual íngreme e pavimentado ainda com as pedras do passado. Admiramos casas de artesãos e subimos em direção ao coração da cidade.

Admire a Porta do Jerzual vista do lado interno da cidade, vista a partir da Rua do Jerzual

Admire a Porta do Jerzual vista do lado externo da cidade, a partir da Rua do Petit-Fort

Aspecto arquitetural das residências da charmosa Rua do Jerzual

 

O trajeto nos conduz até a Basílica de Saint-Sauveur (Santo Salvador).

Uma praça charmosa e tranquila aparece à nossa frente, ao fundo está a igreja e nos seus arredores várias casas antigas.

Esse santuário foi mandado construir pelo Cavaleiro Bretão Rivallon-Le-Roux quando este retorna das Cruzadas na Palestina em 1112. Le Roux prometeu a construção da igreja como agradecimento a Deus por tê-lo salvado na sua grande missão na Terra Santa.

A Basílica de Saint-Sauveur é citada nos textos desde 1123. Ela é um edifício composto que atravessou séculos. Às partes primitivas romanas, os artistas do período gótico flamboyant acrescentaram, no final do século XV, dois transeptos et um Coro (altar-mor). A basílica conserva belos e remarcáveis altares e retábulos da época clássica.

 

O Passeio da Duquesa Ana da Bretanha e o Castelo de Dinan

Antiga passarela coroando a muralha, a caminhada da Duquesa Anne nos leva até o castelo. A forma oval do imponente Castelo do Duque da Bretanha é única: duas meia-torres unidas constituem a arquitetura dessa fortaleza. Um fosso a isola da zona rural e também da cidade.

A porta do Guichet e as torres de Lambaudaye do século XIII. 

Aspecto da muralha da Fortaleza de Dinan

 

De cada lado da porta do Guichet, dentro das muralhas, existem corredores raramente abertos ao público, perfurados por Seteiras (em francês Meurtrières) que permitiam defender os ocupantes do lugar.

O Donjon, torre colossal de seis séculos.

Vestigios da Muralha da Fortaleza de Dinan

A torre da duquesa Anne, agora chamada de Torre Ducal (foto à esquerda), foi construída sob João IV, de 1382 a 1387. Alta de 34 metros, tem em seu cume um terraço panorâmico de onde a vista de Dinan e seus arredores é de tirar o fôlego.

 

A visita da capela, da sala de guardas, da cozinha, entre outras, permite compreender o funcionamento do castelo que abrigou as guarnições dos duques da Bretanha e depois dos Reis da França. O castelo foi durante muito tempo uma prisão, antes de se tornar em um museu.

Do alto do castelo, nos deslumbramos com uma vista espetacular sobre o meio rural Bretão.

Do alto da Torre do Relogio avistamos a Torre Ducal e a campanha de Dinan.

 

Saindo do castelo, passamos pela Praça do Guesclin, antigo local de feiras rodeado de residências burguesas dos séculos XVIII e XIX. A praça é decorada com uma estátua de Bertrand Du Guesclin, esculpida por Frémiet.

Bertrand du Guesclin, foi um senhor Bretão que se tornou um soldado francês. Foi uma das grandes figuras da Idade Média que lutou na Guerra dos Cem Anos. Ele libera da dominação inglesa: a Normandia, o Maine, a Bretanha, a Guiana. Quando ele morreu o rei da França queria que o seu corpo repousasse na Basílica de Saint-Denis, e assim foi feito. Somente o coração do Du Guesclin está em Dinan, na Basílica do Saint-Sauveur.

Estátua Equestre de Bertrand Du Guesclin, por Frémiet em 1902.

Cenotáfio do coração do Du Guesclin em Saint-Sauveur, Dinan.

Nossa descoberta de Dinan continua pelas estreitas ruas do seu centro histórico. A Rua de l’Horloge, bordeada de pitorescas residências nos fazem mergulhar na atmosfera medieval. Ali nos espera a Torre do Relógio que graciosamente se mostra como uma pastora que guarda seu rebanho de telhados apertados.

 

A Torre do Relógio

Vista da Torre do Relógio do século XV

A torre alertava os dias de festas mas também as desgraças

A segunda metade do século XV é um período de muita riqueza para dinan. O comércio e o artesanato enriquecem a burguesia que se afirma como uma potência política. Para afirmar esse poder que emerge a Torre do Relógio é construída.

Esta torre quadrangular serviu como Hôtel de Ville (Prefeitura Municipal) da cidade até a Revolução Francesa (1793).

Do alto da torre se tem uma linda vista da cidade, o Campanário constitui um lugar privilegiado de vigilância e de alarme. Seus sinos alertaram o fogo no último grande incêndio que ocorreu na cidade em 1907.

Estrutura interna da torre em madeira

Do alto da torre, vista da Basílica de Saint-Saveur

Do alto da torre, vista da Igreja de Saint-Malo

Do alto da torre, vista da Capela do Convento dos Beneditinos

O campanário com os seus 47 metros de altura é considerado o ponto culminante da cidade.

 

Praça de Merciers et de Cordeliers

Esta pequena praça, rodeada de magníficas casas em estilo enxaimel, de ruas pitorescas antigas, que nos levam a tempos remotos e que guardam os nomes de suas antigas especialidades comerciais como: a Cordonnerie (artesão de sapatos), a Draperie (artesão de tecidos), Le Petit-Pain (padeiros e comércio do pão), Lainerie (comércio da lã) e outros.

O restaurante a “Mère Pourcel” é um dos mais lindos conjuntos arquitetônicos do século XV presentes nessa praça. Dinan conta com mais de 130 belas casas em enxaimel, a cidade soube conservar a autenticidade do seu centro histórico.

Centro antigo de Dinan

Praça des Cordeliers no centro histórico de Dinan

Aspecto da linda decoração esculpida nas paredes das residências

Rua do antigo Halles, antigas feiras livres

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A charmosa Rua de l’Apport 

 

Nessas antigas ruas comerciais de Dinan, a casas de ricos comerciantes e artesãos aliam elegância e também simplicidade. O térreo normalmente era ocupado pelo comércio e os andares eram muito bem distribuídos com todo o conforto da época.

A aristocracia que vivia na campanha, construía uma casa em Dinan para passar o rigoroso inverno.

Não longe da Praça de Merciers está a Igreja de Saint-Malo, considerada a primeira igreja de Dinan, datando do século XI. São Malo, o santo padroeiro morreu no ano 630. No século XIII, os senhores de Dinan construíram a muralha deixando a igreja do lado de fora da fortaleza.

Em 1487 quando os franceses ocuparam Bretanha e por consequência Dinan, o Duque Francisco I, por medo que os franceses transformassem a igreja em uma fortaleza militar, mandou derrubá-la. Dois anos depois uma nova igreja, no interior das muralhas foi construída.

A igreja de Saint-Malo construída no final do século XV

Vista da nave central da Igreja de Saint-Malo

O batismo de Cristo

O pregador São Vicente, o Ferreiro que prega em praça pública em Dinan

Ana da Bretanha, rainha da França e fundadora da Igreja de Saint-Malo

Transporte das relíquias de Saint-Malo à Dinan

 

Dinan é uma cidade medieval que vale a pena visitar. A população local compreendeu muito bem que o respeito ao passado se faz cuidando dos seus monumentos antigos, mantendo o brilho e a beleza do conjunto arquitetônico e guardando as tradições culturais.

Quer visitar Dinan? Entre em contato conosco que organizamos tudo para você.

Texto: Andréa R. S. Faugeras

Fotos: François Faugeras

Fonte:

Visita pessoal de Dinan em 2017.

Material publicitário da Secretaria de turismo de Dinan.

MALHERBE Gérard. Dinan, cité médievale. Châteaulin: Jos, 2016.

 

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